Os prejuízos consecutivos e a pressão da indústria
fonográfica para limitar (ainda mais) as assinaturas gratuitas não são
os únicos problemas cabeludos que o Spotify terá que enfrentar em 2016: segundo a Billboard,
o músico David Lowery abriu um processo judicial contra o serviço em um
tribunal da Califórnia sob acusação de quebra de direitos autorais. O
valor exigido de indenização? A bagatela de US$ 150 milhões.
Lowery, que além de líder das bandas de rock alternativo Camper Van Beethoven e Cracker é compositor, afirma que o Spotify reproduziu pelo menos quatro de suas músicas — Almond Grove, Get On Down the Road, King of Bakersfield e Tonight I Cross the Border — sem a devida permissão.
Para
oferecer faixas sem violar leis de proteção de direito autoral, o
Spotify precisa obter licenças mecânicas, que nada mais são do que
valores pagos para a reprodução ou distribuição de músicas gravadas.
Segundo Lowery, o Spotify estaria veiculando músicas sem seguir esse
procedimento.
Coincidência ou não, na semana passada, a
companhia anunciou a criação de um sistema global de gestão que visa
garantir que os direitos de todas as músicas reproduzidas no serviço
sejam pagos de forma justa, rápida e transparente. A princípio, essa é
uma boa notícia para artistas, gravadoras e afins. Mas, para Lowery, a
criação desse sistema é uma prova de que o Spotify tem violado direitos
autorais.
A companhia explica que o pagamento de
royalties sempre foi um compromisso levado a sério, mas que, muitas
vezes, os dados necessários para confirmar a titularidade dos direitos
são escassos ou incompletos. Com o sistema, o Spotify espera que a
ocorrência desse tipo de problema diminua.
Mesmo que o
detentor dos direitos não seja devidamente identificado, o Spotify
reserva valores para o pagamento de licenças (há um fundo para esse fim
que teria entre US$ 17 milhões e US$ 25 milhões, segundo fontes próximas
à empresa). Isso é feito imediatamente após a obtenção das informações
necessárias para o procedimento, explica a companhia. Mas, na visão de
Lowery, essa prática configura uma clara e consciente violação de
direitos autorais — o Spotify não deveria reproduzir o conteúdo até ter a
devida licença.
Em sua defesa, o Spotify alega que está
disposto a pagar cada centavo que deve a compositores e artistas, mas
reafirma que a dificuldade para identificar os detentores dos direitos é
o principal obstáculo para isso, principalmente nos Estados Unidos.
Como
se não bastasse, David Lowery pede que ação seja tratada como um
processo coletivo, pois o assunto seria de interesse de todos os
detentores de direitos autorais que têm músicas reproduzidas no Spotify
sem autorização. A ação não aponta quem são eles, mas explica que essas
informações podem ser extraídas facilmente do banco de dados do serviço.
Processos
coletivos são, teoricamente, tratados com mais rigor pelos tribunais,
logo, uma solicitação do tipo pode ser, na verdade, uma manobra para
validar o teor da ação.
Mas, mesmo que o processo seja
aceito como tal, o Spotify tem boas chances de se tornar a parte
vencedora. A empresa vem fechando acordos com entidades como a
Associação Nacional de Editores de Música
dos Estados Unidos (NMPA, na sigla em inglês) para lidar com pagamentos
de direitos pendentes. Medidas como essa sugerem boa vontade para
resolver o problema e, portanto, podem contribuir para uma decisão
favorável à empresa.
Se tudo der errado, além de arcar
com uma indenização de US$ 150 milhões (ou outro valor a ser
estabelecido pelo tribunal), o Spotify poderá ter que retirar de seu
acervo as músicas de Lowery e de todos os artistas que estiverem, de
alguma forma, envolvidos com a ação. Como ambas as partes perdem com
isso no longo prazo, também há chances de que o processo acabe
terminando com um acordo.
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/ O processo por direitos autorais que pode arrancar US$ 150 milhões do Spotify
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